quinta-feira, 24 de setembro de 2009

REQUIEM A UMA ANTIGA MORADA




Quando fixo meus olhos em você, agora, sozinho numa noite fria, o medo percorre meu corpo, sufoca meu peito, agoniza meu sono. Medo de saber que é só você e eu, que os cúmplices de um remoto passado partiram, e estão agora mergulhados em suas próprias angústias.
Olhos nos olhos? Conheço você - tenho suas máscaras afogando minha razão. E esse mar de devaneios me deixou nauseado, vou aportar nessa ilha adiante e parar, com tudo.
Seus verdadeiros segredos quem pode saber sou eu. Sou a estátua, que pálida e inerte, recebeu seus toques com ternura e absorveu toda sua catarse emocional, empurrando bem fundo seu gosto de fel. Tão fundo que me consumiu, dando vontade de cuspí-lo na sua cara. De hoje não passa, antes de te enterrar, você leva sua alma para o Inferno junto com todas as verdades das quais você rejeitou.
Ao partir, vou me sentar embaixo das estrelas lá fora por um bom tempo. Quero ouvir o momento em que a vida se esvairá de seu corpo, para saber como é tocar sua pele e somente sua pele, saber que através dela não existe mais as vísceras que eu ansiava por desvendar. O que sobrará de você depois disso?

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